A História de BrasÃlia
- Guilherme Brescovit Bandeira
- 18 de set. de 2024
- 8 min de leitura

BrasÃlia, a capital do Brasil, começou a ser pensada há muito tempo. A ideia de ter uma capital no centro do paÃs surgiu no século XVIII, quando pessoas como o Marquês de Pombal e o cartógrafo Francesco Tosi Colombina sugeriram essa mudança. Em 1822, o nome "BrasÃlia" apareceu pela primeira vez em um folheto, e muitos projetos foram feitos ao longo dos anos para criar essa nova cidade.
A construção de BrasÃlia só começou de verdade em 1956, quando Juscelino Kubitschek se tornou presidente. Ele queria que a cidade fosse moderna e bonita, então chamou o arquiteto Oscar Niemeyer e o urbanista Lúcio Costa para ajudar a projetá-la. A cidade foi inaugurada em 21 de abril de 1960, mesmo antes de estar totalmente pronta. Os prédios, como a catedral e os palácios, foram construÃdos com muito cuidado.
Logo depois, os principais órgãos do governo se mudaram para BrasÃlia, e a cidade cresceu rapidamente. Ela foi planejada para ter 500 mil habitantes em 2000, mas já tinha mais de 2 milhões! Porém, nem tudo saiu como o planejado. Muitas pessoas de classes mais baixas foram morar nas periferias, enquanto a parte central ficou para as classes mais ricas. Isso fez com que a cidade não fosse tão amigável para todos.
Apesar de muitas crÃticas e custos altos, BrasÃlia se tornou um sÃmbolo da modernização do Brasil. A cidade teve um grande impacto na região Centro-Oeste, ajudando a integrar essa área ao resto do paÃs. Porém, ainda enfrenta problemas como falta de moradia e segurança, assim como outras grandes cidades.
Hoje, BrasÃlia é reconhecida como Patrimônio da Humanidade e é vista como um dos projetos urbanÃsticos mais importantes do mundo. Com seus prédios incrÃveis e planejamento inovador, BrasÃlia é um Ãcone não só do Brasil, mas também da arquitetura moderna.
A História da Idealização de BrasÃlia
A ideia de construir uma nova capital no centro do Brasil começou a ser pensada há muito tempo. Um cartógrafo italiano chamado Francesco Tosi Colombina, que trabalhava para a Coroa portuguesa, fez um mapa do Brasil em 1749 e sugeriu que a capital fosse interiorizada. No entanto, muitos acreditam que o Marquês de Pombal, um importante lÃder da época, também teve um papel importante nessa ideia. Os Inconfidentes, um grupo de mineiros que queria liberdade, também sonhavam com uma nova capital, sugerindo que ela fosse em São João del-Rei, por sua boa localização.
Com o tempo, após a chegada da corte portuguesa em 1808, outras sugestões para mudar a capital começaram a surgir. O almirante britânico Sidney Smith e o diplomata Strangford recomendaram que a capital fosse para o interior, enquanto outros pensadores propuseram a construção de uma "Nova Lisboa" no centro do Brasil. Em 1813, o jornalista Hipólito José da Costa também escreveu sobre a importância de ter a capital no Planalto Central.
A ideia continuou a ser discutida ao longo dos anos. Em 1821, José Bonifácio de Andrada e Silva pediu a construção de uma nova capital centralizada, e em 1822, um deputado até publicou um folheto sugerindo o nome "BrasÃlia". Após a Independência, em 1823, José Bonifácio fez uma nova proposta para que a capital fosse em Paracatu, chamando-a de "BrasÃlia ou Petrópole".
Em 1839, o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen reabriu o debate, defendendo a ideia de que a nova capital deveria ser no Planalto Central. Ele fez uma viagem a Goiás e escolheu uma vila como possÃvel sede da capital, mas o projeto não avançou. Muitas ideias sobre a nova capital estavam ligadas a um sonho de construir um lugar livre da influência colonial portuguesa.
Com a chegada da República, a ideia de uma nova capital se tornou ainda mais forte. Em 1891, a Constituição brasileira determinou a criação de uma nova capital no centro do paÃs. Floriano Peixoto, então presidente, formou uma comissão para explorar o Planalto Central e delimitar uma área conhecida como Retângulo Cruls, que seria a nova capital. Essa proposta foi vista como uma forma de unir o paÃs e criar uma identidade nacional.
Gustave Hastoy: Assinatura do projeto da Constituição de 1891, c. 1891. Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro
Nos anos seguintes, houve muitas discussões sobre a transferência da capital. Sob o governo de Epitácio Pessoa, a ideia ganhou força, e a construção da nova capital começou a ser considerada uma necessidade. Em 1934, a Constituição novamente reafirmou a mudança, mas o projeto foi parado por Getúlio Vargas, que não tomou medidas para implementá-lo.
Após a Segunda Guerra Mundial e com o surgimento de greves e descontentamento no Rio de Janeiro, os parlamentares voltaram a discutir a mudança da capital. Em 1946, uma nova Constituição foi criada, determinando que a capital seria transferida para o Planalto Central. Várias comissões foram formadas para escolher o local, e em 1955, a área foi finalmente escolhida, iniciando as desapropriações para a construção da nova cidade que se tornaria BrasÃlia.
A construção de BrasÃlia
A construção de BrasÃlia simboliza uma audaciosa transformação do espaço brasileiro, concebida no contexto da presidência de Juscelino Kubitschek, que tomou posse em 1956. Desde sua campanha eleitoral, Juscelino manifestou a determinação de mudar a capital para o interior do paÃs, refletindo um desejo de integração nacional e desenvolvimento. Em 15 de março de 1956, ele criou a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), nomeando Israel Pinheiro como presidente e Oscar Niemeyer como diretor técnico. Essa iniciativa marcaria o inÃcio de uma nova era de urbanização e modernização.
O plano urbanÃstico de BrasÃlia foi resultado de um concurso, no qual o projeto de Lúcio Costa foi escolhido por unanimidade em 16 de março de 1957. O concurso, embora celebrado, também enfrentou crÃticas, com alguns membros do júri discordando da condução do processo. No entanto, o projeto de Costa era inovador, concebendo BrasÃlia não apenas como uma cidade, mas como um sÃmbolo nacional, capaz de refletir a grandeza do Brasil. Ele desenhou a cidade em uma forma que evocava um avião, utilizando dois eixos monumentais que cruzavam-se em ângulo reto, criando um espaço que favoreceria a funcionalidade e a estética.
A arquitetura de BrasÃlia ficou a cargo de Oscar Niemeyer, que buscou um estilo modernista, caracterizado por formas fluidas e ousadas. Para Niemeyer, era essencial que os edifÃcios transmitissem uma sensação de novidade e grandiosidade, enriquecendo a experiência dos visitantes. O seu trabalho se desdobrou em palácios e edifÃcios que se tornaram Ãcones da capital, como o Palácio da Alvorada e o Congresso Nacional. O conceito de monumentalidade que permeava a construção visava criar um espaço que transcendesse a funcionalidade e se tornasse um sÃmbolo da nova identidade nacional.
Com a pressão de cumprir prazos apertados, o ritmo de construção foi acelerado, atraindo milhares de trabalhadores de diversas regiões do Brasil, conhecidos como candangos. A obra demandou a construção de extensas rodovias e ferrovias, além do uso de modernas técnicas de construção. A cidade deveria ser inaugurada em 21 de abril de 1960, e o entusiasmo em torno do projeto se intensificou à medida que os operários trabalhavam incessantemente para atender a essa meta ambiciosa.
Apesar da grande mobilização, as condições de vida dos candangos eram precárias. A população que se estabeleceu na Cidade Livre, um dos núcleos de habitação temporária, enfrentava desafios significativos, como a falta de infraestrutura e serviços básicos. Embora as autoridades celebrassem os trabalhadores como "heróis", a realidade era marcada por baixos salários e condições de trabalho insatisfatórias. Crônicas da época retratavam a tensão entre a euforia oficial e as dificuldades enfrentadas por aqueles que realmente estavam erguendo a nova capital.
A construção de BrasÃlia também se inseria em um contexto econômico mais amplo, marcado por um crescimento industrial impressionante. O Plano de Metas de Juscelino visava realizar em cinco anos o que seria feito em cinquenta, promovendo um desenvolvimento acelerado. No entanto, essa estratégia gerou tensões econômicas, como a inflação crescente e a concentração de renda, levando a crÃticas ao governo e ao próprio projeto da capital. A construção tornou-se um sÃmbolo tanto das aspirações nacionais quanto das contradições da polÃtica desenvolvimentista.
Os desafios enfrentados na construção foram amplificados pela falta de um planejamento financeiro adequado. A execução das obras foi marcada por improvisos e desvios de recursos, com muitos materiais sendo transportados de forma ineficiente. Apesar de a construção ser uma prioridade, a falta de controle nos custos e na administração financeira resultou em crÃticas severas e em uma avaliação negativa do impacto econômico a longo prazo. Essa situação alimentou um debate sobre as consequências da construção e o custo real da nova capital.
Ainda que o projeto tenha gerado controvérsias e crÃticas, BrasÃlia é hoje reconhecida como uma obra-prima da arquitetura e do urbanismo modernista. Em 1987, a cidade foi declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO, celebrando sua importância histórica e cultural. A visão de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, que transformou o planalto central em um sÃmbolo de modernidade, resistiu ao tempo e continua a inspirar arquitetos e urbanistas ao redor do mundo.
Visitas ilustres à cidade, como a de André Malraux, que a comparou à Acrópole, destacam seu impacto como um marco arquitetônico. A combinação de inovação estética e funcionalidade prática é uma das razões pelas quais BrasÃlia continua a ser um tema de estudo e admiração. A cidade não é apenas a capital do Brasil, mas um exemplo do potencial do planejamento urbano para transformar realidades e criar novas identidades nacionais.
Em suma, a construção de BrasÃlia reflete um momento decisivo na história brasileira, onde a determinação polÃtica, a inovação arquitetônica e o trabalho árduo se uniram para criar uma nova capital. Apesar dos desafios enfrentados, BrasÃlia se estabeleceu como um Ãcone de progresso e modernidade, encapsulando as esperanças e os sonhos de uma nação em busca de um futuro mais integrado e coeso.
Inauguração e primeiros anos de BrasÃlia
No dia 21 de abril de 1960, BrasÃlia foi oficialmente inaugurada sob um clima de emoção e celebração. O presidente Juscelino Kubitschek declarou a nova capital do Brasil em uma cerimônia que envolveu tradições e simbolismos, como a entrega da chave da cidade e a missa solene que emocionou os presentes. Os candangos, que haviam trabalhado arduamente na construção da cidade, expressaram sua alegria nas ruas, enquanto o presidente recebia cumprimentos e prestigiava a instalação dos Três Poderes, consolidando BrasÃlia como um marco na história do paÃs.
Apesar da inauguração, BrasÃlia ainda estava longe de estar completa. Muitas estruturas estavam inacabadas, e a regularização fundiária não tinha sido finalizada. Enquanto algumas embaixadas enviavam representantes provisórios, órgãos administrativos do Rio de Janeiro hesitavam em transferir suas operações devido à falta de acomodações adequadas. Por um perÃodo, o Brasil coexistiu com duas capitais, refletindo a transição desafiadora em que se encontrava o paÃs.
A cidade cresceu rapidamente, mas a realidade vivida pelos candangos e outros novos habitantes não correspondia aos ideais de integração social propostos no planejamento original. As áreas nobres, como a Asa Norte, foram rapidamente ocupadas por membros da elite, enquanto os trabalhadores mais humildes foram relegados às periferias. O acesso a habitação e lotes foi marcado por desigualdade, contradizendo a visão de uma cidade mais igualitária, onde todos poderiam desfrutar dos mesmos espaços.
A segregação social se aprofundou com o tempo. Enquanto os que viviam no Plano Piloto eram reconhecidos como "brasilienses", os candangos logo foram marginalizados. A legislação que buscava preservar o Plano Piloto acabou dificultando o desenvolvimento das cidades-satélites, que enfrentavam um crescimento restrito por uma burocracia pesada. Muitos operários se viam forçados a ocupar terrenos de maneira irregular, refletindo a pressão habitacional e a precariedade das condições de vida.
Com a saÃda de Juscelino e o inÃcio da década de 1960, a economia brasileira entrou em crise. O endividamento público e a inflação cresceram, alimentando descontentamentos sociais e instabilidade polÃtica. Greves e mobilizações trabalhistas aumentaram, enquanto a desigualdade social se tornava mais evidente. Em meio a esse tumulto, o governo buscou soluções, incluindo a transferência de candangos desempregados para outras regiões. O clima de tensão culminou no Golpe de 1964, que resultou na ascensão de um regime militar, marcando um novo capÃtulo na história do Brasil e desafiando os ideais que haviam inspirado a construção de BrasÃlia.